Segurança Pública e Meio Ambiente


Detentos cultivam plantas aromáticas e medicinais na Penitenciária Major Cesar - Piaui - foto: divulgação

    

Muito contente ao ler artigo sobre as palestras que aconteceram no New Cities Summit SP 2013 sobre segurança e uso do espaço. Corroborando com o direcionamento sobre uso dos parques públicos e desenvolvimento da inteligência através do contato com a natureza em que temos trabalhado, os palestrantes tecem muito bem a teia entre urbanismo e segurança, como se não ouvesse estranheza alguma.

    Replico o início do artigo - íntegra em http://www.cidadessustentaveis.org.br/noticias/ncs-ellen-gracie-e-martha-rocha-defendem-seguranca-como-politica-de-estado:

     "Nesta quarta-feira (5/6/13), segundo dia do New Cities Summit, em São Paulo, a ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie Northfleet e a chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Martha Rocha, defenderam a importância de a segurança pública ser tratada como política de Estado, visando resultados a longo prazo, e não como política de governo, de resultados observados apenas em um período de quatro anos, servindo de degrau para uma próxima campanha eleitoral."

   Mostra o atraso existente na política de segurança pública brasileira. Ellen Gracie comenta ainda de quando o judiciário é culpado pela ausência de justiça criminal, mas o motivo é a falta de informações que deveriam ter sido levantadas durante as investigações e não foram. Além das instalações sucateadas da polícia sem equipamento báscio de comunicação pra trabalhar com criminosos com equipamento de ponta.

   Mas a parte que me alegra é do parágrafo entitulado 'Espaços públicos como redutores da criminalidade". Comenta sobre o uso de espaços despercebidos por população carente a fim de que cuidem do local ao invés de depredá-lo, firmando uma relação entre indivíduo, espaço e sociedade. Assim também se da dentro dos parques públicos, com a grande vantagem de se ter um meio ambiente saudável reforçando as condições de sanidade dos humanos e a oportunidade de se observar o sistema mais perfeito do planeta: os sistemas naturais, ou ecosistemas. Este conceito deve ser trabalhado por professores e alunos dentro de parques, não de salas de aula. Usar os parques como extensão da sala de aula capacita os alunos a uma relação melhor com a ula e o aprendizado e um resultado melhor com o estímulo da observação de qualidades positivas naturais do ambiente.

    Não só nos parques mas em todo lugar é possível uma relação mais harmônica, que envolva uma troca com o ambiente. O exemplo citado no texto é o do uso do vão em baixo de viadutos. Eles acontecem com a finalidade da jardinagem, de exercícios físicos, da leitura e outros. A ex-ministra cita: "
É a apropriação de certas áreas que não percebemos mais como sendo aproveitáveis. Na maior parte das nossas cidades, esses espaços servem apenas como dormitório de mendigos, são becos sujos, inteiramente renegados. Essa é uma das possibilidades de retomada de espaço público”

   E ai vem o fato chocante: fala-se em uma política de bolhas de segurança, assegurando alguns e deixando outros em uma selva de pedra? Nunca tinha ouvido falar disso e é de se lamentar que tenha-se que chegar em um evento internacional e fazer colocações do tipo muito bem feito como o da palestrante e
ex-diretora geral do Centro Internacional pela Prevenção do Crime, Paula Miraglia: “São Paulo vive o medo e a gente alimenta o medo. A gente pensa que a solução é se proteger, deixar de viver, e a gente precisa querer a cidade, reconquistar os espaços públicos. O investimento em espaços públicos distribuídos pela cidade toda é fundamental”, enfatizou. (...) “O Brasil vem apostando numa fórmula da segurança privada que são as ‘bolhas’ de segurança, acessíveis apenas em espaços determinados das cidades. São Paulo conseguiu criar bolhas de segurança, mas, numa cidade, ou estamos todos seguros ou ninguém estará”, comentou. “As cidades que passaram pela redução da violência viveram processos de desejar, de querer essa cidade, de querer ocupar os espaços”.

   Afinal, bolhas de segurança não seria como uma segurança privada, exclusiva, oposta à sonhada segurança pública, que temos em qualquer lugar da cidade por termos cidadãos contentes e bem resolvidos?

   É evidente que isso depende de muitos fatores mas me parece que fecha um sistema de mudanças necessários onde já tinhamos a necessidade de incorporar os parques públicos como locais de aulas regulares, tecnologias ambientais ajudando a resgatar condições de saúde interna e externa ao indivíduo e as repetidas falhas de segurança cometidas pelas investigações - ou ausência delas - na polícia. É assim que meio ambiente e segurança se encontram: na formação de um cidadão que tem uma relação mais harmônica e cuidadosa com seu entorno estimulado por amostras de meio ambiente saudável com oportunidade interferir nele.

  





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